sábado, 28 de setembro de 2013

Contar-vos-ei

Contar-vos-ei
Uma história que eu sei
Uma história sem castelo
Nem princesa, nem rei.

Não tem céu
Mar, rio
Não tem momentos de bréu
Nem vislumbres de brio.

Não há felicidade,
Não há tristeza
Só uma cidade
Onde reina a incerteza.

A relva não é verde
Os pássaros não cantam
Não há filho que herde
Tesouros que se agigantam.

Há só uma certeza:
No meio de tanta pobreza
Não uma personagem
Mas uma bela miragem.

sábado, 21 de setembro de 2013

Ferro e Níquel.

"He who has a why to live can bear almost any how."

Génios,
Aproximai-vos.
Eis que o circo da tortura começou.
Tenho um leão depenado e uma garça perneta.
Não parece isto uma grande peta?

A realidade confundiu-se
A loucura tomou conta.
A lucidez que me amedronta.
A luz queima-me os olhos.

Luz.
Oh luz,
Tira-me do bréu
Salva-me do crepúsculo
Não há saída.

Tal como não houve entrada.

Procurei o objetivo
Um só.
Não havia.
O meu corpo vagueava
Uma causa perdida,
Uma alma que voava.

Um auto-desentendimento
(provocado ou não
sentido ou não)

Não há senão o não.
A força que move.
Negativo.
Mas forte.

domingo, 15 de setembro de 2013

Dictateur.

Ho bisogno di sapere di me.
Ho bisogno di sapere su di te.
Ho bisogno di vita.
Voglio essere vivo.

A emancipação do ser começou.
não há senão luz
não houve senão som.
Uma existência putativa que base não teve.
A ação que não se reproduz,
O típico maçon.

Uma misoginia crónica,
Herdada da parente mais próxima da vida.

"O chão que pisas sou eu."

Não há eu que esteja acima do chão,
quando tudo o que procura
é uma instância de abnegação.

Não há sentido que me prenda.
Quando a prenda são apenas minutos
Horas, dias
De uma horrenda oferenda,
Tu em trajes diminutos
Queimado enquanto rias.

Sadismos à parte,
(E sonhos tão pesadelos quanto a arte)
uma alienação me provoca.
Ameaça-me e intimida-me,
enquanto me sufoca
toca e retoca.

Invoca então um demónio perdido
Numa doca isolada.
Tudo arte barroca.
Perdida numa Itália espanhola
Numa Espanha acabada.

A guerra começou.
Com o ser que se emancipou.
E tudo mudou.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Turbilhão - Undo my Soul

Não foste tu
Fomos nós
Contigo, comigo.

Tirei do verde todo o azul
Com o amarelo fiquei.
Juntei todo o encarnado que tinha.
E com laranja escarlate terminei.

Não foste tu.
Mesmo.
Fui eu que misturou.
Fui eu quem confundiu o preto e o branco.
E não,
Não acabou.

A discrepância com que te vejo
Através desta lente suja
Imundície com amarelejo.
Voo como a coruja
Que presa se mantém,
No friso de um azulejo.

A beleza é estática.
Embelezar-se um suicídio é
E seguindo a sistemática,
Não passar de um rodapé.

Não passar de uma sequência de cores.
De uma mistura de figuras.
Ou o contrário?
Não seremos todos um friso desprovido de beleza,
E por isso vivemos?

A beleza é a morte
A morte de uma vida.
A vida só é bela
Quando se dela desatrela.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Magia.

Atordoado
Abalroado por uma discórdia
Ditando um encantamento terminal
Um canto à vida
Um feitiço para a morte.

Podia eu resistir ao vazio ?
Um vazio preenchido por um nada
Que de tudo se enche,
Quando ao tudo se dá entrada.

Não há morte sem dor.
Ou haverá?
Uma dor que não cause a morte,
Ou a morte que não cause dor.

Fará sentido a morte ser o vazio ?

De tudo se enche o nada quando dele o tudo tiramos.
 Simples matemática.
A verdade está no sossego.

A paz que tudo trás.
Oh que belo é o mundo!
Que belo é o céu, que bela é a água!
Não será também bela a morte?
Veio tudo do mesmo fundo.

Ironia
Veio tudo do fundo do mundo.
Tudo isto vindo
Do suspiro de um moribundo.