quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

समयापेक्षा

Passado
Presente
Agora

Ontem foi o futuro 
Hoje será o presente
De um passado
Acizentado.

Recordo o monocromatismo
Sinto a cor a esvair-se-me das veias
Sinto a tua presença
Oh
Não me invadas
Contém essa tua existência 
Uma sentença.

Tarde demais.

A lança já se espetara
O sangue já brotara
E a dor
A dor
A dor essa 
Que tão violentamente ataca
Rapidamente se cessa.

Será que acabou ?
Será que haverá
Mais uma estrofe,
Mais um tiro a disparar?

Gritei
O som que ecoava dentro de mim insistiu
Saiu
Profetizou então.
Som gutural
Ecoa
Enevoa o que poderia ter sido
Mas não é.
Foi.
Será.
Não é.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

உள் நோக்கி வெடித்தல்

Entranhas
O sangue brota das veias
Infiltra-se
Penetra
Esventra

Sinto-me alienado 
Alienado de mim próprio
Eternizado no meu próprio ser

(O ser que não percebo
O ser que não existo)

Mata-me
Mata-me por favor
Quero sentir 
Sentir a espada
Sentir a lâmina fria da dor
Oh sim

Por favor

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Iniustitia.

Vida,
Serás mesmo um ciclo vicioso?
Vejo-te intransponível
Intransmissível
Ilegível
Incompreensível.

O que és tu ?
Tal como eu que nada sou
Serás um nada igual?

Deus ter-te-á controlada
Deus ter-te-á criado
Deus existe.
Não.

Deus é tudo o que desejamos ser e nada mais.
Deus é a vida a que aspiramos.
O que somos ?
Não passamos de nada.

É injusto poder ser feliz e não o ser.
Quero-o.
Não o posso.

E porquê ?
A vida não passa de uma incógnita inatingível.
Queres viver.
Mas não o fazes.

Sai de ti.
Exordia-te.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

itálico.

Deitado sob um manto verde, choro
Choro o mundo,
Choro a vida,
Choro tudo.
Agonio com uma vida que não tive
Podia ter tido
Não a tenho, não terei.

Ter-te-ia num futuro próximo
Presenteado num presente passado.
Futuramente querer-me-ás.
Irei eu querer que tu me queiras,
Ou desejarei não existir?

Serei eu apenas mais um ?
Serei eu sempre eu ?
Ou serei eu o meu todo?

Isto é
As lágrimas que outrora me lavaram o rosto
Indisposto fiquei
Assente num suposto gosto
Reposto.
Cansado.
Saturado.

Acabado.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Not Long Now.

Um préfacio rasgado perpetua uma existência falhada
O ultimato

Ele sabe que o tenho 
Sabes tu que eu não o vou ter
Iletrado será aquele que não o quiser
Impossibilidade 

Relativismo de uma vida estagnada onde um ano se torna sete
Sete anos
Seis anos
O que importa o tempo quando a vida não sara 
Não sara a dor que construíste
Não sara a dor que foi construída
Não cicatriza a ferida 
Carne viva
Palpitando no fundo da minha alma
Um monstro crepita nas chamas da dor que me consome
O monstro alimenta-se de tudo o que eu não tenho
Sedento de tudo o que não posso ter
Morto por tudo o que terei.

Dualidade será um eu que é nós
Nós 
Será nós a duplicação do eu,
Ou será 
A junção de dois eus?

Estarei eu confuso ou duplicado?
Deteriorado
Arrasado
Despedaçado.

Dado ou não dado
Não ficarei 
Não estarei
Sairei.

Esta existência a que me habituo consome-me
Deleita-se da minha dor
Contorce-se de prazer
Esfrega-se na pele de um organismo morto
Pois dele não sairá vida
A vida que nele existira, saiu.
Fugiu em busca de um futuro promissor.

Morreu e renasceu das cinzas
Como o cliché da fénix que enoja qualquer um.
O clássico clássico que nos classifica.
Clichés.

Sabes que de todos os sentimentos que tive 
Este é o melhor.
O sentimento de nada sentir.
Sinto a minha alma dormente.
Toda a minha existência adormeceu,
Estancou num ponto do tempo.

O tempo parou.
A vida continuou.
Fiquei para trás.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

ire retro licet.

Espera
Aterrorizado espero por um novo eu
Aquele que há-de vir quando estiver pronto
Estarei pronto

Estarei pronto quando um 
Um são
Um não
Um breu
Céu.

Fá-lo-ás quando o não souberes
Sabe-lo-ás quando o não fizeres
Claro está que nada é lúcido
A conclusão é o nada
Nada.

Estou sentado nesta pobre existência que me consome
Deitado nesta identidade que me mata
Que me corrói
A vida legitimada 
O pecado ilegítimo
A morte certa.

O infinito não é mais do que um objetivo.
Objetivo retrógrado
Onde o objetivo residirá
Ao início deu começo.

Ou ao começo deu início ?