quarta-feira, 21 de março de 2012

Sangue.


O problema é:
Eu sinto-me demasiado cheio.
No entanto, a transbordar espaço vazio.

Estou confuso.
Não por mim, não pelos outros.
Por tudo.

Está tudo errado. Está tudo ao contrário.
Não me consigo adaptar à realidade.
Não consigo ser real.

O que posso então fazer para me distinguir das personagens fictícias ?
Sangrar.

domingo, 18 de março de 2012

Não.

Não sou descartável.
Não sou utilizável.

Não me quero rebaixar.
Não quero encarnar esse meu eu.

Estou farto de ser quem eu não sou.
A revolução é feita no momento em que negamos.
Não.
Não me humilharei.
Não me aviltarei.
Não serei apenas aquele. O outro. Mais um.

Eu serei o Ele.
Não canonizado, mas apedrejado em praça pública.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Policromia.

Princesa de Atenas.
Rainha dos mares.
Fulminai-me aqui.
Se tanto conheces de tudo, visto de Olimpo, pergunta a Zeus quantas pétalas tem uma flor.

Ele que conhece tanto, irá ser vencido pela mais inocente pergunta.
Assim se vêem as diferenças
Entre um Deus e um Nada.

sábado, 10 de março de 2012

Refração e rebeldia.

Quando estás nu, não mostras apenas o teu lado físico, mostras a tua simplicidade.
Mostras a tua fraqueza.
Entregas-te por completo.
És meu e eu sou teu.
Somos nossos.

Mas não, não posso continuar a cair neste ciclo.
Não é confiável. Não é bom.
Não quero.
Mas vou.


segunda-feira, 5 de março de 2012

Funeral.

Todos os dias são só mais um.
Mais vinte e quatro horas em que nós respiramos.
Mais vinte e quatro horas em que nós acreditamos.
Vinte e quatro horas em que somos apenas mais um.
Somos pura estatística.

De que servem os sentimentos?
De que nos serve a inteligência?
De que nos serve a racionalidade?
No final de contas, não passamos de números.
E no final da vida, damos lugar a outro.

Outra pobre alma.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Quazar

És um mercenário.
O macabrismo de toda esta situação.
Tu amas-me, mas não o queres.
Condenas-te por isso.

Quem és tu para te condenares ?
Não és mais do que a minha sombra.
O meu eu.
Adeus sobriedade.
Olá demência.