terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Divino.

Deus morreu há muito tempo.
Apenas estávamos muito ocupados com o nosso próprio umbigo para reparar nisso.

Agora cada vez que lhe rezamos, a mensagem é redireccionada para o Inferno.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nascimento.

O caminho não está percorrido.
Tu cortaste o cordão que me separava.
O cordão Umbilical.
E agora esperas que te siga até que me ames ?

Tu amas-me. Eu alimento-me disso até ao último minuto.
Depois, apodreces.
Morres.
E eu vivo.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Carnificina.

Não sabes o quanto me abominas.
Permanentemente nesse teu mundo em que me destróis.
Não te sei ler. Não combinas.
Estou apenas preso a esta rotina.
Acordar. Ir. Dormir.
Não vivo, e a culpa é tua. Prendes-me e fixas-me.
Não estou confortável com o que sinto.
Na realidade, penso que não sinto nada.

Tudo o que fazes repulsa-me. A tua existência repugna-me.
Espero que não resistas ao mar de mortos que te rodeia.
Mortos-vivos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Receita.

A veracidade do que se passou
O palato da sorte
Tudo está de pé
Nada desandou.

Abraçando a morte
Eu vejo que tudo me entrelaça
Azar
Sorte
Tudo te embaraça.



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Déjà vu.

Sabes, Pandora não foi uma apenas curiosa.
Ela sabe. Ela soube. Ela sempre saberá.

O erro tornou-a imortal.
O erro impregnou-a na história.
Seja real ou falso, o mito existe.

Libertou tudo o que há de bom e de mal. E tudo o que não é necessário.
Por isso, porque não libertarmos também tudo o que há de bom ou de mau em nós ?
Afinal de contas, não estaríamos a fazer nada mais do que repetir uma página da História.

Nós não passamos de cofres.
De caixas.

Cada um de nós, é uma Caixa de Pandora.



sábado, 18 de fevereiro de 2012

Partida.

Vamos criar uma revolução.
A veracidade dos acontecimentos, a violência.

Somos violentos e agressivos.
Se formos rudes, governamos.
Se formos lúcidos, morremos.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Rappresaglia.

Nós não sabemos.
Ninguém o sabe.
Os planos. As ideias. Tudo abstracto.
O que é concreto, desvanece-se no momento em que nascemos.
O valor do que temos, não existe.

O glamour que a morte apresenta, seduz-nos.
Tudo o que fazemos apenas nos aproxima dela.

Uma atraente e desejada morte.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Ironia.

A verosimilhança que um tempo infinito tem.
Irónico.

O que é certo questionamos.
No que está definitivamente errado, insistimos em acreditar.

Lágrimas.

A plasticidade.
O terror.
A verdade não é nada que se apague e que se sobreponha.
Tudo tem um valor.

A vala está cheia, e eu encho-me.
As lágrimas escorrem mas a dor não acaba.
O que é isso então ?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Amor ou Ódio.

As coisas que mais se opõem são as que mais se relacionam.

O ministerialismo da nossa mente opõem-se à complexidade da mesma.
Os sentimentos cruzam-se e entrelaçam-se, formando formas.
Formas.

Formas.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

tiro certeiro.

O gás não dói. Não faz ferida.
Não tem lâmina. Não faz sangue.

Entras na sonolência. 
Dormes.
Mas não sonhas.

Os sonhos da eterna abundância terminaram. 
O sangue flui. E a lâmina fere.

Locus Amoenus.

Tu obrigas-me a sofrer, mas tu precisas de mim.
A penetração ocorre quando estamos à espera. Tu entra, tudo sai.
A multiplicidade de sentimentos arrasa-me e arrebata-me.
Eu recorro-te. Não me socorres. Abandonas-me. Móis-me. Matas-me.
Eu faleço, e nada mais parece ver.

Brotando de mim vem uma árvore centenária. Não cresce, mas vive.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Protuberância.

A sociedade emaranha-te e enrola-te, envolve-te e prende-te.
A sociedade liberta-te e felicita-te, tortura-te e mata-te.
A sociedade domina-te e manipula-te, come-te e cospe-te.
A sociedade ama-te e odeia-te. Faz-te viver. E tira-te tudo.
Mas tudo tem uma saída. E a sociedade, tem protuberâncias.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

amor

Não há sorte no amor. O amor não é de sorte. Nós vivemos apaixonados, o amor apodera-se de nós, possui-nos e tortura-nos. Não passamos de escravos.
Podem dizer que o que nos distingue dos animais é a inteligência. Mas continuo a achar que o que nos distingue dos animais, é a nossa dependência de sofrimento.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Colapso.

Saber o que está certo não nos cabe a nós. O que está certo ou errado não existe. Tudo está certo. Tudo é errado. Resta-nos saber escolher a melhor opção.
O mundo mudou e só nos resta a adaptação. O crescimento precoce a que somos submetidos só pode resultar no colapso. O colapso começou.
O mundo roda e a minha repulsa cresce. Tudo o que foi criado, é destruído em prol de algo. Algo que nada é.
A dor de ser algo e não o poder mostrar. A dor de querer viver e não o ser permitido.
O preconceito é uma arma de dois canos, que não mata, mas tortura.

epílogo.

O crime compensa.
A mentira liberta.
O mal conforta.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O mal

O limite da sanidade mental não está no que vemos ou melhor, no que pensamos que vemos.
Está tudo no nosso cerne, a nossa carne palpita e os nossos ossos refletem o mal que absorvemos.
Somos criaturas do mal.
Mas o pior é que sabemos disso.

futuro.

Se tudo está destinado a acontecer, então porque continuamos a mover-nos ?
Será que está destinado que nós continuemos permanentemente a lutar contra algo invisível que insiste em puxar-nos na direção contrária ?

A revolta e o nojo apoderam-se daqueles que notam o que se passa.
Os que simplesmente vivem sem olharem em volta, não passam de linhas retas.
Não passam de simples indivíduos que nada fazem para sempre o que são e porque o são.
Simplesmente se deixam levar pela corrente.
É isto o futuro ?

vida.

A vida roda em torno de algo. Algo que não se move. Algo que se destrói e que se constrói. Algo que não existe. A vida existe. A vida mata. A vida vive. Mas o resto não.

O pecado e a liberdade.

Tudo o que nos é dito, está errado. Tudo o que vemos e ouvimos, está errado. Tudo o que sabemos está errado. O que é certo então ?
O apogeu da liberdade existe. Mas não para ser alcançado, para ser sonhado. Enquanto houver a noção de pecado, a pré-definição e o preconceito, não pode haver liberdade. Nem nunca vai. O pecado está cometido. A humanidade está condenada a uma infinita e pobre existência.
O fim não está próximo. O fim chegou.